top of page

Karaokê da Perversão

  • Foto do escritor: Nicole K. Hope
    Nicole K. Hope
  • 9 de set.
  • 4 min de leitura

ree


Capítulo 1 – A Ordem da Indie Records

Havia um silêncio estranho pairando sobre a sala de reuniões da Indie Records.

Will estava com a camisa social entreaberta, copo de café vazio nas mãos, e a expressão típica de quem sabia que, dali pra frente, nada mais seria santo. Tengu estava imóvel como uma estátua de mármore, mas com aquele brilho nos olhos que dizia “sim, eu deixei isso acontecer”. Victor mordia o lábio inferior como se tentasse conter uma gargalhada nervosa. Adrian estava com a cabeça baixa, massageando as têmporas, claramente em oração silenciosa.

E Axel... Axel lia o cartaz de novo. E de novo. E de novo.

“I° Noite de Karaokê Performático da HF™ Tema: Crossdressing Sensual + Fanservice Não Negociável. TODOS OS UKES DEVERÃO PARTICIPAR.”

— O que é uke? — perguntou Axel, finalmente. — É você quem decide quando vê a calcinha em seu nome na escala de apresentação — murmurou Will, sem energia pra explicar.

Nicholas entrou com um vestido de paetês rosa jogado no ombro.

— Gente. Eu já tô com meu playback pronto. E sim, é Shania. E sim, eu vou fazer a coreografia.

— Você ensaiou? — perguntou Blake, entrando atrás dele com um shortinho jeans curto demais e um top branco transparente. — Três semanas. Com salto. Vai ser o fim da sanidade do Victor.

Victor tossiu com violência.

— Isso é uma tortura pública, é isso?

Taki entrou como se já estivesse no palco.

Vestido de noivinha, véu de renda branca e um batom tão vermelho que parecia crime. Se jogou no sofá e cruzou as pernas, revelando as ligas.

— Tortura pra quem reprime. Libertação pra quem sente, Thorzinho. E sim, eu tô de calcinha.

Adrian levantou e saiu da sala. Ninguém o impediu.

Arashi apareceu com Tommy e Toby ao lado. Os três usavam trajes que podiam ser descritos apenas como: “version femme fatal cabaré francês depois de uma noite de vinho e pecado.”

— Nós somos o encerramento — disse Arashi. — Lady Marmalade. Três vozes. Três línguas afiadas. — Tengu vai sofrer — acrescentou Tommy. — Eu cronometrei o tempo que ele me encarou ontem só com gloss. Sessenta e dois segundos. — Toby mostrou o cronômetro no celular.

Tengu não se mexeu. Mas os olhos brilharam como um eclipse malicioso.

Will respirou fundo.

— E o que os semes fazem enquanto isso?

Nicholas deu um sorriso tão sujo que quase contaminou o ambiente.

— Vocês assistem. Sofrem. E... retribuem depois. No backstage. Com juros.

Axel ergueu a mão.

— Eu posso pelo menos cantar? — Claro — respondeu Blake, dando um tapa de leve na bunda dele. — Mas só se estiver de babydoll.

Axel olhou em volta.

— A música é boa, né? — A música é só o começo, fazendeirinho — respondeu Taki, piscando.

A Indie Records aprovou. Os contratos foram assinados. As roupas... entregues. Os semes? Condenados.

E o palco… Ah, o palco estava aceso.

Let the show begin.




Capítulo 2 – “Let’s Go, Girls”

Os bastidores estavam em caos. Maquiagem por todo lado, spray de cabelo criando uma névoa lilás no ar, meia arrastão pendurada no abajur e Blake berrando:

— CADÊ A MINHA COLA DE CÍLIOS? SE UM CÍLIO MEU CAIR EU MATO UM DE VOCÊS.

Mas Nicholas… Nicholas estava em silêncio.

Respirava fundo, parado diante do espelho iluminado. Vestia um body preto com franja nos quadris, colado ao corpo como um segundo pecado. Botas de cano alto, brilhantes. Cinto largo marcando a cintura. E por cima, um blazer rosa metálico que ele logo jogaria para o lado como se fosse um antigo amante.

Cabelo preso num rabo de cavalo alto com volume de superestrela. Batom vermelho. Blush só para humilhar.

— Nikki, é agora — sussurrou Tommy, abrindo a porta com glitter nos dedos. — Eles não estão prontos — respondeu Nicholas, sorrindo. — Mas eu estou.



A plateia estava cheia. Só os semes na primeira fileira, visivelmente suando sob roupas que nunca pareceram tão apertadas.

Victor, de braços cruzados. Adrian, de sobrancelha franzida. Will, mexendo no colarinho. Tengu, impassível — mas com os dedos batucando o joelho com leveza fatal.

As luzes se apagaram. Um feixe iluminou o centro do palco.

Nicholas entrou.

Saltos batendo com precisão. Quadris rebolando com intenção. Olhar assassino cravado na plateia.

E então… ele diz:

🎶 “Let’s go, girls.” 🎶

RAAAAN-RAAN-RAN-RAN-RAN-RAN

O riff estoura e o teatro desmorona em gritos.

Nicholas gira no próprio eixo, joga o blazer pra cima da cabeça de Victor — que o segura com uma expressão que mescla trauma e tesão — e começa a dançar.

Rebola. Sobe numa das caixas de som. Desce em agachamento, abre as pernas e canta olhando direto pra Victor:

🎶 “I wanna be free, yeah, to feel the way I feel…” 🎶 🎶 “Man! I feel like a woman!” 🎶

A multidão grita. Axel levanta da cadeira com as duas mãos no ar:

— A MÚSICA É REALMENTE MUITO BOA!

Victor prende a respiração quando Nicholas dança na beira do palco, agacha, empina, e aponta diretamente para ele:

🎶 “The best thing about bein’ a woman is the prerogative to have a little fun!” 🎶

— Ele está provocando de propósito — Victor sussurra, tenso. — Você só percebeu agora? — murmura Tengu, sem desviar os olhos.

Nicholas gira novamente. Desfila de um lado ao outro do palco. No último refrão, arranca a franja do body como se estivesse desfolhando o orgulho da plateia, e grita:

🎶 “Oh, oh, oh — I wanna be free, yeah, to feel the way I feeeeel…” 🎶

E no “Man!” final, ele se ajoelha. De frente pra Victor.

Assopra um beijo. Pisca. Levanta, gira… E sai do palco deixando apenas silêncio, respiração acelerada e o blazer rosa metálico abandonado sobre o colo de Victor.



Nos bastidores, Nicholas entra triunfante.

— O blazer ficou com ele? — pergunta Blake, ajustando a tiara. — Ficou — responde Nicholas, sorrindo com deboche. — Com o perfume também. — Então você venceu. — Não ainda. Mas quando ele for me devolver… vai ser sem roupa.

Eles brindam com água tônica em taças de plástico.

— Próximo? — pergunta Taki, já jogando o véu sobre os ombros.

— “Like a Virgin”, nê?

Nicholas sorri, se abanando com a mão.

— Arrebenta, noivinha. E lembra: gemer no refrão dá ponto extra.

 
 
 

Posts recentes

Ver tudo
Jogo Teardrop Falls 1 (ST)

A história atual até agora: O detetive Rick Carson e o legista Alexander Van Houten investigavam uma série de eventos perturbadores em...

 
 
 

Comentários


bottom of page